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Outono
Noite clara,
noite aberta
Outono no coração
Azul cristal
esparramado no rosa
Lua lume na janela
Venta sonho em brisa morna
Noite quase-sentimento
E a dor maior do mundo
Enfim despida
Diluída, purpurina
(Março, 2013)
O olho e a pálpebra
Há um movimento em certos olhos
Mais graves que a intensidade do olhar
É um encerrar-se em si mesmo
Uma lenta e definitiva queda
Equivalente a um ponto final
Descem os cílios com tanta mansidão
(E como são grandes estes cílios!)
Dormem graves na pálpebra
Dizem coisas absolutas:
Assunto encerrado; perdi; adeus
Mas com tamanha quietude e tal solenidade
Encerram um mundo de compreensão
Poucos têm esses olhos antigos
Esses olhos-abrigo que tanto andaram comigo, amigo
Pesados e sem pesar, são a pausa entre muitos tempos
Sonhados e a sonhar
Os olhos além do olhar
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